Quando o assunto é educação bilíngue, há muitas dúvidas por parte dos responsáveis com relação à idade certa para iniciar, se haverá alguma interferência negativa no aprendizado da primeira língua, se a criança precisa estar completamente alfabetizada, e por aí vai.
Muito do que se diz a respeito desses pontos e de outros fatores acabam tendo conteúdo bastante negativo porque se criam verdades ou até mitos com relação ao que de fato faz sentido e é baseado em estudos, e o que se refere a medos ou, por vezes, experiências negativas que se transformaram em verdades absolutas sem fundamentos.
Estudos comprovam que, se a criança já está alfabetizada na língua materna, o aprendizado de uma segunda língua acontece de forma bastante natural. Com relação à comunicação oral, de acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), o aprendizado simultâneo dos idiomas não traz quaisquer efeitos maléficos, ao contrário, o estudo mostrou que crianças bilíngues demonstram ter maior controle inibitório (uma habilidade de demonstração de foco em contextos em que há estímulos conflitantes sendo oferecidos).
A longo prazo, a educação bilíngue traz também grandes benefícios para a saúde. Uma pesquisa da Universidade de York no Canadá mostrou que, indivíduos com tendência a desenvolver Alzheimer demoraram de quatro a cinco anos a mais para apresentar sintomas do que indivíduos monolíngues. É importante ressaltar que, o fato de o indivíduo ser bilíngue não impede a manifestação da doença, pois pode ser um fator genético, porém, retarda seu aparecimento.
O objetivo principal de responsáveis que almejam matricular seus filhos em uma escola que ofereça educação bilíngue deve ser o de ampliar os horizontes das crianças, possibilitando que tenham acesso não só a um novo idioma, mas também a culturas e modos de pensar diferentes.
Quanto mais cedo o acesso à educação bilíngue, mais cedo a criança ampliará seu repertório cultural e desenvolverá competências para se comunicar em diferentes formas (oralmente, por escrito, presencialmente ou de forma digital), desenvolvendo empatia, cidadania e pensamento mais crítico para resolução de problemas.
A questão da idade inicial para o aprendizado de um segundo idioma é baseada na questão da neuroplasticidade cerebral – na infância. Estudos mostram que os dois hemisférios estão envolvidos no processo de aquisição de língua, enquanto na idade adulta, geralmente, somente o lado esquerdo é ativado no aprendizado de um segundo idioma.
Além do conteúdo trabalhado em sala de aula, é fundamental que a criança receba estímulos constantes para estar em contato com o idioma e que, tanto dentro quanto fora da aula, tenha níveis de desafios adequados para que seu interesse em aprender o idioma continue vivo.
Em casa, uma ideia é fazer alguns “combinados”. Por exemplo, se estiver passando algum filme ou desenho que a criança já tenha assistido antes, sugira que dessa vez assista em inglês. Colocar as configurações de equipamentos em inglês também é uma forma de aumentar o contato com o idioma. Uma outra forma, é sugerir que a criança reconte as histórias de suas aulas, jogue os mesmos jogos e cante as músicas que foram trabalhadas em aula para a família. Assim, além de estimular o interesse e a fixação do que foi trabalhado, a família toda se envolve no aprendizado!